terça-feira, outubro 03, 2006

_____________________Hora do almoço.







A hora do almoço é assim, todo dia. Um pouquinho de brócolis com queijo e hamburguer de frango com soja. Sentar na calçada e ficar de papo-furado, atrás das caixas.
Adoro Vinicius de Moraes, mas essa poesia dele, não está com nada.

Não Comerei da Alface a Verde Pétala



Vinicius de Moraes


Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.



(Iludia-se o poeta. Num tempo em que as coisas andaram meio pretas, ele teve que se enquadrar direitinho e andou comendo legumes na água e sal como qualquer outro).


Extraído do livro "Para Viver um Grande Amor", Livraria José Olympio Editora S. A.- Rio de Janeiro, 1984, pág. 84.